VOZ: Ela pode denunciar o envelhecimento das cordas vocais e até problemas de saúde

VOZ: Ela pode denunciar o envelhecimento das cordas vocais e até problemas de saúde

Os sons vibram diferente em gente madura, já notou? É natural. A voz, assim como tudo no corpo, envelhece. É por isso que ela sai do tom — fica menos firme. No caso dos homens, ainda por cima, torna-se mais fina e, no das mulheres, mais grossa. O tratamento antienvelhecimento consiste em malhar as cordas vocais. Isso mesmo. Afinal, elas são formadas por fibras musculares, mas a sessão de exercícios deve ser feita sob orientação de um fonoaudiólogo.

Maus hábitos — alguns de que até Deus duvida — também contribuem. Talvez você fique sem fala de espanto, mas gravata apertada, por exemplo, prejudica a voz. Pelo menos por proximidade, isso faz algum sentido. Mas o que me diz de um cinto muito justo? “Esse acessório, assim como o nó que comprime o pescoço e, conseqüentemente, a garganta, atrapalha a passagem do ar, o que é fundamental para a fala”, explica o otorrinolaringologista Cláudio Coelho, membro da Sociedade Brasileira de Laringologia e Voz.

Isso mostra o quão vulneráveis são as pregas vocais (outro nome para as cordas) diante de fatores externos e problemas orgânicos capazes de alterar o timbre — alterações que, muitas vezes, soam mal. O uso inadequado da voz, instrumento de trabalho de cerca de 30% da população do planeta, tem culpa no cartório, sem dúvida. Mas todos — não só os que tiram dela o seu sustento, caso de professores, operadores de telemarketing, locutores e tantos outros — precisam ficar atentos nas modulações, que, às vezes, indicam alguma encrenca — de refluxo gastroesofágico a câncer.

“Em geral a rouquidão resulta de um pólipo, que é um inchaço nas cordas vocais, ou um calo, que nada mais é do que um nódulo provocado pelo atrito entre elas”, exemplifica o médico. O certo é ficar de ouvidos bem ligados para diferenciar uma aspereza vocal passageira, provocada por uma gripe ou algo assim, daquela que denuncia um problema mais grave. “Se uma modificação do tom durar mais do que 20 dias, procure um médico”, avisa Coelho. Vale a mesma recomendação para as pessoas que vira e mexe ficam roucas.

Às vezes a rouquidão é tão forte que a voz vira um fiapo, perdendo a força até desaparecer. O risco de ficar afônico aumenta quando se é obrigado a ingerir certos medicamentos. “Os ansiolíticos, por exemplo, interferem na circulação sangüínea e chegam mesmo a alterar o controle dos músculos envolvidos na fala”, afirma Coelho. “Já os diuréticos ressecam as cordas vocais, enquanto o ácido acetilsalisílico dilata os vasos e pode até provocar o rompimento de um deles se a pessoa falar demais”. O que fazer? Bem, se não for possível evitar essas drogas, capriche na hidratação. “Quem usa muito a voz ou trabalha em ambientes com ar condicionado, que retira boa parte da umidade do ar, também deve beber muita água ao longo do dia”, indica o especialista. “A boa postura, por incrível que pareça, é muito importante para que a voz saia sempre clara e limpa”, diz o otorrino.

Se apesar de todos os cuidados a voz teimar em falhar, não é uma boa idéia apelar para tratamentos paliativos, como pastilhas para a garganta e sprays. Diferentemente do que se pensa, esses recursos não resolvem o problema. Ao contrário, podem até piorá-lo. Não à toa. As cordas vocais ficam anestesiadas, a pessoa se sente mais confortável e acaba falando além da conta. A primeira medida para qualquer alteração de voz é simples: repouso. “Dá até para traçar um paralelo entre a voz judiada e um atleta que torce o tornozelo e, em vez de imobilizá-lo, prefere usar um medicamento anestésico para voltar ao jogo”, compara Cláudio Coelho. “A lesão ficará ainda mais grave”. Portanto, prefira fazer alguns minutos de silêncio.

Sons cristalinos – uma voz harmoniosa depende de uma série de bons hábitos, o contrário poderá prejudicar a sua voz.

Bons hábitos
► Maçã e frutas cítricas – elas são tonificantes e reduzem a viscosidade da saliva, o que ajuda a evitar o pigarro, capaz de machucar as cordas vocais.
► Uma boa noite de sono –  contribui para descansar essas estruturas depois de um dia cheio de falatório.
► O repouso vocal – durante o dia também é recomendado para quem precisa falar horas a fio.

Hábitos pouco saudáveis
► Café, refrigerante, chá preto. A cafeína resseca os tecidos das pregas vocais.
► Mel, leite e chocolate. Eles aumentam a viscosidade do muco. Evite leite quando sentir que está pigarreando.
► Condimentos fortes e uso constante de própolis irritam a mucosa.
► Cigarros – pode provocar câncer de laringe e, claro, leva àquela rouquidão típica dos fumantes.
► Falar alto ou cochichar também são hábitos capazes de lesionar as cordas vocais.
► Comer demais e ir para cama em seguida. Isso provoca refluxo, outro vilão.

1. NÃO SEGURE O TELEFONE ENTRE O OMBRO E O QUEIXO
As mãos ficam livres, mas isso exige mais de um lado das cordas vocais do que do outro. Esse desequilíbrio favorece o envelhecimento vocal com o tempo.
2. GRITAR EM SHOWS
Quem compete com o barulho ambiente pode acordar afônico no dia seguinte. O trauma nas cordas vocais provoca um inchaço semelhante ao que surge com uma gripe. E se ele for constante, já viu…
3. ALIMENTOS E BEBIDAS MUITO QUENTES OU GELADOS
O choque térmico danifica os vasos sangüíneos. Aprenda: tomar água em temperatura normal antes e depois atenua essa reação.
4. FALAR DURANTE A MALHAÇÃO
O bate-papo pressiona as cordas vocais e obriga a soltar o ar para que elas vibrem, o que acaba atrapalhando o fôlego.
5. BEBER ÁLCOOL – Para o especialista, o que resseca as cordas vocais. De vez em quando, tudo bem, mas é melhor deixar de lado as bebidas destiladas. Se for bebericar, tome água entre um gole e outro.

A voz, assim como tudo no corpo, envelhece. É por isso que ela sai do tom — fica menos firme. No caso dos homens, ainda por cima, torna-se mais fina e, no das mulheres, mais grossa. O tratamento antienvelhecimento consiste em malhar as cordas vocais. Isso mesmo. Afinal, elas são formadas por fibras musculares, mas a sessão de exercícios deve ser feita sob orientação de um fonoaudiólogo

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