EDEMA DE REINK X FUMO

EDEMA DE REINK X FUMO

O nome parece estranho, mas com certeza você já cruzou com alguém portador deste problema em seu convívio diário, mesmo sem dar-se conta.

O Edema de Reinke é uma doença da laringe na qual as pregas vocais (cordas vocais) tornam-se progressivamente edematosas (inchadas), fazendo com que a voz fique rouca e de tonalidade grave. Este edema ocorre pelo acúmulo de líquido no espaço de Reinke, região situada logo abaixo do epitélio de cobertura das pregas vocais. O nome desta região anatômica é uma homenagem ao anatomista Friedrich Reinke, que a descreveu.

As características vocais para os pacientes com edema de Reinke são: 

• História típica de rouquidão persistente, lentamente progressiva
• Indivíduos que fumam muito;
• Uso intensivo da voz.
• Sintomas de refluxo gastroesofágico podem estar presentes.
• A voz é fluida, aveludada e grave.
• Algumas mulheres queixam-se de ser confundidas com homens ao telefone.

O grande fator de risco para desenvolver a doença, sem dúvida é o hábito de fumar. Estudos ainda tentam descobrir o porquê da maior incidência no sexo feminino. Alguns autores apontam fatores hormonais como sendo os responsáveis por esta predisposição.

O edema de Reinke não é uma lesão maligna e não existe comprovação de que tenha potencial para transformar-se em câncer de laringe. O fato de ser relacionado ao câncer, em alguns trabalhos científicos, deve-se a que ele ocorre na maioria das vezes em fumantes, e o fumo, este sim, é um dos principais fatores etiológicos dos tumores desta região. Por este motivo, deve ser interpretado como um sinal de alerta e devidamente investigado.

Os principais fatores que podem desencadear:
• O abuso vocal, como grito e o uso continuado da voz durante um episódio de laringite podem produzir uma úlcera de contato; 
• Pós-intubação agressiva ou prolongada; 
• O trauma na região posterior da laringe pode lesar a mucosa do pericôndrio da cartilagem aritenóidea e dar formação ao leito de úlcera de contato; 
• Pigarro constante e fadiga vocal; 
• A voz pode ser adaptada, levemente rouca e/ou soprosa; 
• A frequência pode ser grave ou muito grave; 
• Intensidade excessiva, ou, deslocar-se para o registro basal; 
• Intensidade reduzida e algumas sílabas com ênfase fortemente marcada; 
• Ataques vocais são bruscos; 
• Modulação vocal é restrita; 
• Ressonância laringofaríngea. 

Os sintomas da doença iniciam com discreta rouquidão que evolui, com o passar dos anos, para uma voz grossa e masculinizada. Pode aparecer  falhas na voz, pigarro, sensação de que há algo parado na garganta, dificuldade para falar alto ou por períodos longos, e até mesmo perda temporária  da voz, após gritar ou falar com intensidade alta em eventos esportivos ou sociais.

O diagnóstico é feito pelo otorrinolaringologista, analisando os sintomas relatados pelo paciente e correlacionando com os achados da videolaringoscopia, que são bastante característicos. Este exame é realizado no próprio consultório, sem necessidade de sedação ou anestesia. O tratamento vai depender da fase em que se encontra a doença, no momento do diagnóstico.

O tratamento fonoaudiológico deve consistir na parada do fumo e a fonoterapia. Porém, o tratamento cirúrgico é indicado quando não houver melhora da qualidade vocal ou se o indivíduo não estiver satisfeito com a voz. A cirurgia deve poupar a mucosa, para evitar alterações substanciais da voz. O cirurgião faz uma incisão da mucosa ao longo da prega vocal e aspira-se o conteúdo gelatinoso. É necessário deixar uma pequena quantidade deste conteúdo para promover o deslizamento da superfície da prega vocal sobre o espaço de Reinke. 

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