Atualmente existe um alto índice de afastamento de profissionais das salas de aula com problemas na voz devido à (disfonia). Em recente estudo realizado em escolas do Rio, foi possível perceber como anda a voz dos professores. A pesquisa mostrou que os profissionais da voz devem tomar mais cuidado com a sua ferramenta de trabalho, o afastamento do trabalho pela falta de voz tem sido considerado bastante elevado. A preocupação é tão grande que atualmente está sendo exigido dos professores como pré-requisito para participarem de concursos públicos, o exame de laringosgopia.
O estudo foi realizado com 57 professores, não fumantes com faixa etária entre 25 a 51 anos com uma carga horária de trabalho semanal variando entre 25 a 50 horas e 79% apresentaram algum problema. Todos foram submetidos ao exame de videolaringoscopia e avaliação fonoaudiológica. Dos 57 professores avaliados, 54% apresentaram alteração estrutural com características de nódulos vocais, 25% apresentaram má coaptação glótica (fendas vocais) e 21% apresentaram exame normal, mas com leve disfonia ao final do expediente de trabalho.
Após a avaliação pelo exame de videolaringoscopia, todos foram submetidos à orientação e treinamento vocal durante 3 meses onde foi visível a melhora no quadro sintomático tanto dos professores que apresentaram alteração no nódulo e má coaptação glótica, quanto os que apresentaram exame normal. Ambos relataram sensação de alívio, menor cansaço e esforço ao falar.
Se o profissional da voz procurar um especialista logo no início, a voz volta ao normal, esses profissionais não valorizam um dos sintomas mais freqüentes, que é um forte sinal de que algo está errado, a rouquidão e, infelizmente o problema pode se agravar, o que aparentemente era apenas uma leve rouquidão pode se transformar em um câncer de laringe. O objetivo da pesquisa é alertar e orientar esses profissionais, que ao final de alguns anos forçando a voz e sem nenhum cuidado especifico, pode se tornar um problema maior e irreversível. A pesquisa foi feita com professores, mas o alerta cabe para todos que utilizam a voz como ferramenta de trabalho.
Poucos sabem, mas a voz é também, um instrumento de trabalho para aproximadamente 25% da população economicamente ativa, que se utilizam dela para sua sobrevivência. A rouquidão é ainda sinal de nódulos, pólipos, cistos e edemas de laringe, esses casos respondem pelo maior número de cirurgias de laringe nos serviços de otorrinolaringologia e em alguns casos, é preciso reeducar a voz com um fonoaudiólogo. A rouquidão que persistir por mais de 15 dias deve ser analisada e avaliada, o exame de videolaringoscopia nesse caso é imprescindível.
Todo profissional da voz deve tomar alguns cuidados simples, mas eficazes, como: beber no mínimo oito copos de água por dia, isso mantém as cordas vocais bem hidratadas; não abusar de bebidas alcoólicas nem de alimentos gelados ou quentes demais, os alimentos ácidos também devem ser evitados, evite também receitas caseiras para gargarejo e não force a voz. Para os fumantes a situação é ainda mais delicada, o cigarro danifica as cordas vocais e, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, é responsável por 90% dos casos de câncer na laringe, os casos mais graves podem ser fatais. Mas quando descoberta no início, a cura pode chegar a 95% dos casos sem cirurgia e preservando a voz. No Brasil, existe um alto índice de câncer de laringe e continua sendo o segundo país de maior incidência de câncer de laringe no mundo.
O Câncer de laringe atinge cerca de 15 mil brasileiros todo ano, com 8 mil mortes. A rouquidão persistente é considerada um dos sinais de alerta do câncer de laringe e é possível prevenir a doença, sendo diagnosticada a tempo com exames periódicos e tratamento adequado. 95% dos casos de câncer de laringe está associada ao tabagismo.