A perda da audição na terceira idade

A perda da audição na terceira idade

Idosos reclamam da falta de paciência dos adultos, por eles não escutarem tão bem quanto antes.

No mês de novembro comemora-se o Dia Nacional da Surdez e como as pesquisas realizadas mostram que a deficiência auditiva acomete, em torno de 70%, os idosos, vamos enfatizar esse assunto.

Pesquisas mostram que a população idosa em todo mundo vem é crescente, no Brasil esse crescimento é bem visível. E isso tem um lado muito positivo, uma vida mais saudável, por exemplo, mas também vem acompanhado de alguns problemas comoos sensoriais, declínio da acuidade visual, diminuição da sensibilidade tátil, assim como diminuição da audição. Do envelhecimento dos órgãos ninguém escapa.

Por volta dos 50 anos, à audição fisiologicamente tende a diminuir, atingindo inicialmente as altas freqüências (sons agudos) e em alguns casos chega a atingir as freqüências médias e graves (freqüências relacionadas com a área de inteligibilidade da palavra falada, afetando desta forma a capacidade de compreender e discriminar as palavras). A este fenômeno, o qual todos nós estamos suscetíveis, damos o nome de presbiacusia. É um tipo de perda auditiva do tipo sensório neural, geralmente bilateral, de caráter progressivo e irreversível, afetando principalmente as estruturas da orelha interna. Fatores como, doenças sistêmicas (diabetes), alcoolismo, alterações metabólicas, exposição a ruídos ocupacionais e não ocupacionais, o estresse e uso de alguns medicamentos podem agravar a presbiacusia.

É importante lembrar que para um indivíduo manter-se ativo na sociedade, é fundamental o fluxo constante de comunicação e informação com o meio. Diante de uma perda auditiva, o idoso pode tornar-se introvertido, com problemas de origem nervosa, irritado, mal humorado e acaba isolando-se do mundo por não compreender e por não ser compreendido.

Para o otorrinolaringologista, Cláudio Coelho, membro da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia e professor universitário, a principal queixa dos idosos é justamente a dificuldade de comunicação, principalmente em ambiente ruidoso ou quando duas ou mais pessoas estão conversando ao mesmo tempo. “Normalmente o relato é de que ele escuta, mas não entende o que as pessoas estão falando, dessa forma, ele fica sempre por fora da conversa”, explica o especialista e esclarece, “por esse motivo é que os idosos têm tanta vontade de falar e se queixam que as pessoas não têm paciência para ouvi-los”, afirma o médico.

A perda de audição implica em fatos que vão além da natureza do problema. Ela envolve questões muito complexas como a falta de percepção das características acústicas da fala, o distanciamento, principalmente dos s jovens junto ao idoso, já que na maioria dos casos acabam não tendo paciência e boa vontade ao falar e lidar com a pessoa idosa, e principalmente a dificuldade em aprender a conviver com a perda da audição, que é um dos sentidos mais importantes para a comunicação e o convívio social. Se o idoso não ouve, ele não fala, e se não fala, não participa e se não participa, ele morre, segundo o especialista.

A questão emocional é a principal causa a ser levada em consideração. O relacionamento entre o médico e o paciente, hoje portador de uma deficiência auditiva, deve ser o mais afetuoso e sincero possível, já que se trata de um problema que antes não existia e que pouco a pouco foi instalando-se até chegar a ponto de dificultar ou limitar a comunicação e o relacionamento principalmente com a família.

Muitos pacientes chegam ao consultório não apenas em busca de uma avaliação ou uma possível solução para o seu problema de perda auditiva. A situação é mais grave e, muitos não querem mais viver por se sentirem rejeitados pelos familiares que não tem a devida paciência e compreensão com os idosos que já não ouvem como quando jovem. “Eu escuto, mas não entendo”, “muitas pessoas falando ao mesmo tempo, me confundem”, “se peço para que repitam, elas gritam comigo”, alguns destes depoimentos são na realidade, um pedido de ajuda.

Para cada caso um tratamento. Os idosos com perda auditiva acentuada, a recomendação é um aparelho de amplificação sonora individual (AASI ou prótese auditiva), que passa a ser um mecanismo compensatório a perda auditiva, já que é um sistema que amplifica o som do ambiente, de forma que estes sons possam ser percebidos por aqueles que possuam perda de audição. Existem no mercado inúmeros modelos de aparelhos auditivos, cada um com sua característica e adaptação a cada perda auditiva. Para a escolha da prótese, é primordial que o paciente esteja de acordo com esta opção, atualmente os aparelhos são modernos e esteticamente bem elaborados, quase imperceptíveis. O paciente será orientado sobre o funcionamento e quais os verdadeiros ganhos que este aparelho pode lhe fornecer. A fase de adaptação deve ser feita em conjunto com o médico otorrinolaringologista e o fonoaudiólogo. Em caso de “feedback acústico” (apito sonoro), que incomoda muito o paciente, pode fazer com que ele desista de usar o aparelho. É fundamental que se sinta à vontade e confiante com a sua nova realidade.

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